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Hérnias Internas em Equinos

Hérnias Internas em Equinos

As herniações internas apresentam incidência incomum nos equinos. Elas consistem na passagem de pequenas porções de segmentos intestinais através de orifícios naturais ou neoformados (patológicos) que, em decorrência da peristalse, podem alcançar grandes segmentos encarcerados e estrangulados. As hérnias internas resultam da protrusão de um órgão abdominal através de uma abertura no peritônio ou mesentério. 

Do ponto de vista anatômico, essas aberturas podem ser classificadas como normais ou anormais (patológicas). Os anéis inguinais e o forame epiplóico são exemplos de aberturas naturais. As aberturas patológicas incluem os defeitos mesentéricos de omento maior e de ligamentos, como os da vesícula urinária, ceco-cólico e o ligamento gastroesplênico. O ligamento gastroesplênico determina uma íntima ligação entre a porção esquerda da curvatura maior do estômago e o bordo cranial do baço. 

Eventualmente, porções do intestino delgado podem migrar em orientação caudocranial através de um defeito no ligamento, podendo (normalmente) determinar uma porção intestinal com sinais de desvitalização em região crânio lateral do estômago. 

A ultrassonografia abdominal no paciente com cólica tornou-se importante, ou mesmo quase indispensável, para o diagnóstico assertivo de determinadas afecções. Em alguns textos já publicados, há grande correlação entre achados ultrassonográficos e diagnósticos cirúrgicos, como o aprisionamento em espaço nefro-esplênico, vólvulo de cólon maior e deslocamentos à direita de cólon maior. 

Além disso, possibilita a distinção entre afecções primárias de intestino grosso e intestino delgado apresentando grande sensibilidade e especificidade para as afecções estrangulativas. Sua realização é rápida, não invasiva, de baixo custo e, com a experiência, a interpretação dos achados se torna tão ou mais significativa que o exame de palpação transretal, em especial as afecções de intestino delgado. 

Os registros literários de correlação de achados ultrassonográficos com o aprisionamento/encarceramento intestinal através de defeito em ligamento gastroesplênico são escassos. Em cavalos normais e em casos de cólicas de tratamento conservativo, o intestino delgado frequentemente é visto na superfície ventromedial do baço. Em termos ultrassonográficos, atualmente não encontramos indicadores específicos que poderiam indicar a presença do aprisionamento gastroesplênico. Apenas encontramos aqueles que determinam envolvimento de intestino delgado com processos obstrutivos e com comprometimento vascular. Os exames exibindo segmentos de intestino delgado e edemaciados, distendidos e localizados lateralmente ao baço, podem ser indícios de aprisionamento gastro-esplênico. 

As imagens apresentadas a seguir demonstram o potencial diagnóstico pré-operatório (sugestão) do aprisionamento/encarceramento intestinal em ligamento gastroesplênico através da ultrassonografia abdominal. Neste caso, além do que foi mencionado anteriormente, percebeu-se a presença de intestino delgado com sinais de alteração vascular (espessamento da parede) entre região de curvatura maior de estômago e região cranial (dorsal) do baço (janela gástrica – protocolo F.A.S.T).



Imagem 1 - Mostra espessamento de alças de intestino delgado.


Imagem 2 - Mostra alças de intestino delgado com distensão exacerbada em curvatura maior do estômago.



Imagem 3 -  Ilustra alça de intestino delgado que estava aprisionada no ligamento gastroesplênico.


Imagem 4 - Ilustra anastomose após ressecção da estrutura encarcerada.

Postado Por Equivet

Equivet
Hospital Veterinário 24 horas em Indaiatuba.

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